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31.08.2023

Héctor Zamora - As Circunstâncias, 02 a 23 de setembro de 2023

Luciana Brito Galeria apresenta performances de Hector Zamora inéditas no Brasil

A Luciana Brito Galeria apresenta performances de Héctor Zamora, inéditas no Brasil: Movimentos Emissores da Existência e Platônicos. Ambas compõem a exposição As Circunstâncias, a quarta do artista mexicano na galeria, que acontece em ocasião da 35a Bienal de São Paulo. A mostra ocupa todo o espaço da galeria. O texto crítico é assinado por Helena Cavalheiro.

Héctor Zamora é reconhecido internacionalmente por uma pesquisa que problematiza questões relacionadas aos padrões sociais, heranças estéticas e arquetípicas, geralmente a partir de aspectos tradicionais ligados ao peso histórico das culturas ocidentais. Para a mostra As Circunstâncias, pela primeira vez na mesma ocasião, o artista promove duas grandes «ações», estabelecendo um diálogo entre o peso da tradição histórica e a iconografia de gênero.

A performance Movimentos Emissores da Existência reúne mulheres voluntárias no pavilhão anexo da galeria para uma ação de minutos, cujos resíduos remanescentes formam uma grande instalação escultórica de vasos de barro cru, tradicionalmente feito por homens oleiros, resgatando a imagem universal da mulher que carrega o vaso na cabeça, desde sua força na labuta da sobrevivência, até a sutileza de seus movimentos. A ação das mulheres perturba a ordem das coisas e, associada a monocromia e luminosidade dramática, aborda questões relacionadas aos padrões e regras impostos pela sociedade às mulheres ao longo da história. Assim como o título da exposição As Circunstâncias, Movimentos Emissores da Existência surgiu apropriadamente de um conceito estabelecido pelo autor luandense Gonçalo M. Tavares, onde ele diz que “diferenciam-se dois tipos de movimentos: os que recebem os acontecimentos e tentam adaptar-se a eles o melhor possível: movimentos receptores da existência, em oposição aos movimentos que criam deliberadamente situações concretas, que alteram as condições momentâneas de existência: movimentos emissores da existência.”1

Logo em seguida, na sala modernista da galeria, acontece Platônicos, uma performance de longa duração, onde um artista convidado desconstrói os cânones da história da arte ocidental, aqui representados pela escultura de uma figura masculina, subvertendo a ideia de um projeto civilizatório baseado no racionalismo androcêntrico. A ação consiste em utilizar ferramentas típicas de esculpir para desconstruir a escultura de pedra em partes de “sólidos platônicos”, num processo reverso de produção do artista. O conceito de “sólido platônico” tem sido estudado desde a antiguidade na geometria para designar uma forma com faces e ângulos idênticos. Nesta ação, diferentemente de Movimentos Emissores da Existência, Héctor Zamora trabalha outra temporalidade, ao passo que desconstrói um símbolo clássico da arte e da representação iconográfica do homem. A narrativa histórica da arte ocidental ditada por homens é colocada em cheque através da labuta gradual de um corpo masculino sobre outro, tendo em vista a criação de sólidos platônicos, uma vez associados por Platão aos elementos clássicos da terra, ar, fogo e água.

Ao final das performances, permanecem os resquícios das ações, acompanhados por vídeos-documentários, ambientados pela luminosidade original e a sonoridade das ações.

1 M. Tavares, Gonçalo. Atlas do corpo e da imaginação: teoria, fragmentos e imagem. Ed. Dublinense, 1a edição. Porto Alegre – São Paulo. Pg 123. 2021.

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